Os pobres, esses bem podem esperar e rezar pela salvação, e morrer de fome à sua espera, à espera que do outro lado venha alguém e lhes pegue na mão, com uma nova esperança de vida, força e alento para os corajosos de outros tempos e oportunidades para os deste. E entre uma página e outra, este país fica para os que não têm coragem de enveredar por outros caminhos fora do nosso Portugal dos pequeninos, para os que, por motivos de saúde e de muitos anos de dedicação ao seu solo preferem viver a sua velhice num país de gulosos e oportunistas que lhes chupam até o ar que respiram. Até aí se sente a podridão de uma sociedade que não arranja forças nem na injustiça para se levantar e virar tudo isto do avesso, desde o maior ao mais pequeno, pois a avareza não escolhe carteiras.
E assim vamos vivendo, aliviando abafos contra uma folha de papel imaginária, para um público tão cego ou surdo como o zé povinho.
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