sábado, 29 de setembro de 2012



O mundo vive de pequenos diabos, vícios alimentados por mentes arraçadas de corpos mal constituídos, e cada vez mais lingrinhas, à medida que se injectam com doses sucessivamente maiores de falsas esperanças, num país feito para cunhas e ricos, os pobres morrem atrás de grades bem estreitas, para que daqui eles não saiam. Gritam e esperneiam, matam-se constantemente, mas nunca chegam ao rato mestre, este diverte-se com o espetáculo dado pelos mesmos, ri-se como sempre, porque dentro de alguns meses pode estar fora do lugar de rei, ainda que muito provavelmente tenha um lugar de prestígio no país dos ricos. 
Os pobres, esses bem podem esperar e rezar pela salvação, e morrer de fome à sua espera, à espera que do outro lado venha alguém e lhes pegue na mão, com uma nova esperança de vida, força e alento para os corajosos de outros tempos e oportunidades para os deste. E entre uma página e outra, este país fica para os que não têm coragem de enveredar por outros caminhos fora do nosso Portugal dos pequeninos, para os que, por motivos de saúde e de muitos anos de dedicação ao seu solo preferem viver a sua velhice num país de gulosos e oportunistas que lhes chupam até o ar que respiram. Até aí se sente a podridão de uma sociedade que não arranja forças nem na injustiça para se levantar e virar tudo isto do avesso, desde o maior ao mais pequeno, pois a avareza não escolhe carteiras.
E assim vamos vivendo, aliviando abafos contra uma folha de papel imaginária, para um público tão cego ou surdo como o zé povinho.

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