Eu queria valorizar-te, eu queria ter-te ao meu lado, eu queria tratar-te bem na ponta das minhas mãos, eu queria que tu me abraçasses sempre que eu estivesse a chorar deitada na minha cama, à noite. Eu queria só a tua imagem para que entrelaçasses os teus dedos nos meus, até que o mundo parasse um segundo, e voltasse tudo àqueles tempos não tão longínquos como a nostalgia gosta de mostrar na minha cabeça. As memórias desvanecem-se de dia para dia, e eu não quero permitir isso, não quero esquecer-me de tudo o que fizemos, de tudo o que somos. Eu só te queria a ti. A escuridão lembra-me de certos flashes da nossa coexistência juntas e aguento-me mais um dia, a esperança preenche-me por ínfimos momentos. Logo que posso na penumbra caio de tristeza, a solidão esfaqueia-me pelas costas e aí fico sem forças, completamente derrotada pela tua ausência.    Não! Este é o meu único som para ti perante tamanha barbaridade que acabaste de referir. Tu não és um objecto, não serves apenas para me protegeres mas sim para desabafares, para aparvalhares, para me deixares confortar-te, para te derramares em lágrimas, para caíres nas armadilhas seguidas da vida, para te fazeres de parva comigo, para gritares para mim no meio da rua, para me abrires os olhos e vice-versa. Tenho medo que o medo se interponha outra vez nos nossos caminhos e nada aconteça como planeamos, mas o meu maior receio é que tudo mudo e não te juntes à minha calorosa mão que espera ansiosamente pela tua fragilizada alma. Espero-te R., sempre longe, mas sempre juntas. Não te agradeço até ao momento em que partilharmos até as próprias almofadas e trocarmos de pijama, aí será o início do resto das nossas vidas. Nas manhãs em que quiseres passar a tarde na cama, sem vontade de mexer uma palha a noite toda, lembra-te que uma estrela brilha debilmente por ti*